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Uma das dúvidas mais correntes sobre Audiodescrição, por mais curioso que possa parecer, mais do que a forma de fazer, como se acionar o recurso na TV, é sobre a forma correta de escrever a palavra.
Muitos questionam se ela não se deve escrever áudio-descrição ou até áudio descrição. Para respondermos a essa dúvida, vou ter que pedir licença para deixar de falar sobre acessibilidade e falar um pouco sobre a língua portuguesa. Porém, como nossa especialidade é acessibilidade e não idiomas, vou pedir ajuda a artigos de especialistas para tentar responder à pergunta.
Segundo o Sérgio Nogueira, figura que ficou conhecida por ser consultor do Globo, que é professor formado pela UFRGS e mestre titulado pela PUC-Rio, em artigo para o portal G1, ele informa que “a regra básica diz que a finalidade do hífen é indicar a formação de um novo vocábulo composto”. Ou seja, se você pegar um copo e encher de leite, temos um copo de leite, mas se você estiver falando da flor, temos um copo-de-leite, por não haver nem o copo e nem o leite neste caso.
Desta forma, se a gente seguir apenas esta regra de uso de hífen, dá para pensar em duas possibilidades: audiodescrição se pensar numa descrição feita por áudio, mas também em áudio-descrição se for interpretado que é uma técnica de descrição de imagens tão particular que precise ser diferenciada das palavra que a formam, assim como no caso do copo-de-leite. Em princípio, as duas possibilidades poderiam ser aceitas.
Porém o Blog da Audiodescrição levanta questões interessantes, que relaciona a grafia da Audiodescrição com a de Audiovisual:
“Nenhuma outra palavra está tão intimamente vinculada a ‘audiodescrição’ do que a palavra ‘audiovisual’, que tem sua grafia plenamente consagrada sem o hífen. Sendo a audiodescrição um recurso de acessibilidade que permite melhor compreensão de produtos audiovisuais por pessoas com deficiência, ficam as perguntas:
a) Seria conveniente criar uma discrepância escrevendo audiovisual e áudio-descrição?
b) Ao fazer isso, não estaríamos obrigando as pessoas com deficiência, usuárias da audiodescrição, a dar mais uma de tantas explicações sobre um recurso ainda pouco conhecido da sociedade em geral?
c) Será que o fato da descrição de imagens para pessoas com deficiência possuir técnicas específicas e diferentes da descrição de imagens para quem enxerga seria motivo tão relevante a ponto de justificar a diferenciação ortográfica?”
Algo que fica bem claro é que se a resposta da letra C for sim, você pode escrever áudio-descrição com hífen.
Entretanto, recorrendo novamente ao professor Sérgio Nogueira, na seção Dicas de Português do G1, ele explica sobre a palavra áudio usada como um prefixo:
“Os prefixos ou elementos prefixais que se associam a termos bem modernos surgidos no século XX geralmente juntam-se diretamente, ou seja, sem hífen: audiovisual, audiometria, audiofrequência, bioterrorismo, estereofônico, hidroavião, macroeconomia, microcomputador, motosserra, radioamador, radiotáxi, telecomunicação, televenda, telessexo…
Segundo o Novo Acordo Ortográfico, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por ‘h’ ou ‘vogal igual’: mini-hospital, micro-ondas…”
Desta forma, a escrita correta seria Audiodescrição sem hífen.
Para acabar de vez com a polêmica e interpretações individuais sobre o uso da regra sobre a forma correta de escrever esta palavra, a Audiodescrição apareceu no “Pai dos Burros”. Segundo o dicionário Michaelis:
E ele ainda foi além e também definiu a grafia de Audiodescritor:
E, por fim, resolvemos perguntar ao “Pai dos Burros” da era digital: o Google. A resposta do mecanismo de busca mais usado no mundo é autoexplicativa:
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